sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Pai, Filho e o Espírito Santo - Uma analogia sobre Haydn, Mozart e Beethoven


           Nesse post sobre história da música, vamos retratar três grandes compositores do período Classico: Haydn, Mozart e Beethoven. Além de descobrirmos um pouco sobre a carreira musical de cada um desses ícones, vamos também traçar paralelos e ligações entre eles. Existiu um encontro musical entre Mozart e Beethoven ? Qual a relação de Haydn e esses dois “garotos” ? Vamos começar falando do mais velho entre os três, Franz Joseph Haydn.



F. J. HAYDN ( 1732 – 1809 )



             Foi o último compositor eminente que viveu a serviço de um nobre, o principe da família Eszterházy, onde trabalhou durante toda a vida composicional com a obrigação de satisfazer as necessidades musicais dessa rica e poderosa família. Haydn nasce na Aústria e com 8 anos de idade começa a cantar no coro da Capela Imperial. Fica até os 17 anos onde é expulso sob uma acusação no mínimo interessante: que ele teria cortado o rabo-de-cavalo de um colega sob a alegação que ele o perturbava. Isso foi suficiente para ele ser demitido, ainda que sua voz já não fosse mais a mesma.

             Haydn teve amizades importantes com aristocratas da época e ele era um homem de negócios, sempre mais focado nas questões práticas da vida e na gestão de seus assuntos extra-musicais, o que vem a ser o maior problema da vida de Mozart. Joseph foi professor de Mozart e Beethoven, sendo que com o primeiro acabou construindo uma amizade genuína e de confiança que perdurou até o fim de sua vida. Já Beethoven, que tinha um gênio rude e não aceitava influências, acabou dizendo posteriormente: “pensei que Haydn me ensinaria algo, mas nunca aprendi nada com ele”

           Haydn vai para Londres em 1791 e em 1794, onde lá compõe doze sinfonias que o colocam finalmente num grau de conhecimento acima do que teria conquistado em toda sua vida. A cidade o acolheu e adorou seu trabalho. Haydn aproveitara da experiencia de 29 anos trabalhando como compositor de uma família e obtem seu sucesso na Inglaterra, além do seu título de doutor em Música pela Universidade de Oxford em 1791.

          
 


       O Hino Nacional da Aústria também foi escrito por ele! Uma junção do segundo movimento do Quarteto de cordas Op. 76 Nº3 ( O Imperador ) e um texto de Leopold Horschten acabaram por ser definidos como Hino da nação. Foi cantado na entrada do imperador no Vienna`s Burgtheater em 1797 e aceito pelo povo.

           Para citar uma obra coral muito famosa: A Criação. Onde os instrumentos entram de 1 em 1 sugerindo a criação. Podemos definir aqui como um germe do poema sinfônico, gênero que irá se desabrochar mais a frente de seu tempo.




W. A. MOZART ( 1756 – 1791 )




          Johannes Chrysostomus Wolfgang Gottilieb nasceu em Salzburg e viria a ter nada mais nada menos do que 626 obras públicadas durante 30 anos de vida composicional. Mozart viveu 35 anos e escreve desde os 5, isso daria uma obra de grande estensão escrita a cada duas semanas.


         È inegável o dom criativo que o garoto prodígio demonstrou e isso foi sucesso na Europa. Mozart viajou em verdadeiras turnês, junto ao pai, mostrando seus talentos como violinista, cravista e futuramente pianista. Se tornou mestre na escrita de óperas italiana e escreveu obras fantásticas como Don Giovanni e Cosi Fan Tutti.


 

         

        Mozart escrevia música como uma criança que faz rabiscos da família, era como se as musas realmente soprassem ao seus ouvidos e sua produção foi incrível! Mas esse estilo de vida “malandro”, alegre e despreocupado o trouxe problemas como dívidas e a frustração familiar. Mozart fica doente e morre em 1791 sendo enterrado como indigente em vala comum.











L. V. BEETHOVEN ( 1770 – 1827 )



         Um dos primeiros nomes que nos surgem a cabeça quando falamos de musica clássica é o de Beethoven. Famoso por ficar surdo na última fase de sua vida e por sua dificuldade de socializar. Claro que a surdez influenciou muito para o seu status de solidão e introspectividade na sua música, mas Beethoven apresenta como sendo a revolução em pessoa até antes de saber da possível patologia. Suas primeiras obras se encontram num nível de virtuosismo e independência já novos para a música. È comum separar a obra de Beethoven em 3 fases, a primeira que vai até 1802 – que seria a fase Clássica, onde o compositor ainda assimila a linguagem musical de seu tempo e vai descobrindo seu caminho. A segunda fase que vai até cerca de 1816 onde ele desenvolve a sua independência e a terceira, e última, fase em que sua obra se torna mais meditativa e introspectiva.

           Uma passagem interessante é um encontro entre Mozart e Beethoven em Viena, no ano de 1787 que até hoje permanece um mistério ou é floreado. Um biógrafo de Mozart -  Otto Jahn- descreve o momento.


“ Beethoven foi levado à casa de Mozart e, a seu pedido, lhe tocou algo que Mozart, julgando ser uma peça de virtuosismo preparada para a ocasião,     aprovou bastante friamente. Tendo percebido isso, Beethoven pediu a Mozart para lhe dar um tema sobre o qual improvisar. Como tinha o hábito de tocar admiravelmente quanto tinha essa disposição, e estimulado pela presença do mestre por quem tinha um respeito tão grande, ele tocou de tal maneira que Mozart, cuja atenção e o interesse aumentavam, acabou por dirigir à peça vizinha onde estavam alguns amigos e lhes disse: “prestem atenção nesse rapaz, um dia seu nome será reconhecido mundialmente.”


          Mistério ou não, floreios ou não, esses assuntos sempre nos deixam curiosos a investigar.


          Beethoven era um improvisador de mão cheia, não escrevia com a rapidez e agilidade de produção como Mozart, mas sem dúvidas suas obras traziam sempre um teor de inovação, podendo ser considerado como o ultimo dos Classicistas e o primeiro Romântico de verdade que levou o tonalismo ao limite.




         Agora que conhecemos um pouco sobre esses monumentos da música ocidental, vou dipor a vocês uma tabela com a quantidade de obras nos gêneros mais famosos do Classicismo e vamos abrir uma discussão sobre o que esses números querem dizer.




         È facil de perceber o declínio em quantidade de produção dos compositores cronológicamente falando. Mas temos que ter em conta o grau de evolução e independência que estão envolvidos. Haydn escreveu 104 sinfonias, Mozart 41 e Beethoven apenas 9, mas consideramos as sinfonias de Beethoven como marco da evolução em termos de escrita sinfônica. O que os primeiros tem em quantidade e racionalidade, Beethoven tem em inovação e expressão dos sentimentos. 
        Como se costuma dizer, Mozart escrevia uma Sinfonia antes de jantar e depois ia jogar sinuca com os amigos, Beethoven germinava as ideias em seu caderno, escrevia e reescrevia minuciosamente até ficar satisfeito com o resultado e por isso, apesar da produção menor, é considerado um divisor de águas.

          Obrigado e até o próximo!!


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