terça-feira, 8 de novembro de 2016

Conhecendo a árvore genealógica da orquestra. Da Grécia antiga ao jazz: veja a evolução das orquestras ao longo dos séculos

Revisão: Renata Souza

        Olá caros leitores do Blog! Nesta postagem abordaremos o tema Orquestra: sua origem, evolução e utilização nos dias de hoje. Lembrando que fiz dois vídeos para o meu canal onde abordo, com mais profundidade, o tema deste texto.



Originada do grego ORKHEÍSTHAI – que significa dançar – a palavra ORKHESTRA era usada para denominar o espaço em frente ao palco onde o coro dançava, já que na Grécia do século V a.C os espetáculos eram encenados em teatros ao ar livre, denominados anfiteatros. Portanto, orquestra era o espaço onde se destinava às evoluções do coro, que cantava e também dançava e onde ficavam os instrumentistas.

Até que, no século XVII, com o surgimento das óperas, o nome orquestra passa a designar os instrumentistas à frente da encenação. Já que a principal proposta das óperas era o resgate dos dramas gregos, nada mais cabível que buscar as terminologias do espaço do teatro antigo e aplicar nessa nova fase. 

Atualmente, encontramos alguns “sobrenomes” que sucedem a orquestra, por exemplo, Filarmônica e Sinfônica. Sendo que a primeira indica um grupo de músicos formado sem a necessidade de aprovação por teste, com o único intuito de fazer música e promover a arte, enquanto o segundo se refere a músicos profissionais, remunerados e selecionados via testes para a execução das obras musicais. Além dessas, existe também a orquestra de câmara, com formação menor, justamente para ser apresentada em ambientes menores.

Uma orquestra é formada por pequenos conjuntos de instrumentos que carregam uma característica em comum. Esses conjuntos são chamados de naipes ou famílias. São eles: cordas; madeiras; metais e percussão.

A disposição dos instrumentos é padronizada para obter uma qualidade sonora de excelência, e para alcançar este nível foi modificada e estudada durante os séculos. Os instrumentos de cordas e de percussão são facilmente identificados, porque sua principal característica consta no nome – ou seja, possuem cordas ou foram feitos para produzirem sons através de impacto ou fricção.
 No caso dos instrumentos de madeiras e metais, não necessariamente são construídos a partir desses materiais. Os da família de madeiras, por exemplo, são tubos com furos onde o dedo ou chave impedem e abrem a passagem do ar, que vibra o interior. Eles possuem boquilha com ou sem palheta, além de simples ou dupla.
Classificamos nesta família: flautas, clarinetes e saxofones. Sim, isso mesmo!
Já os de metais são tubos sem furos, onde o ar é direcionado por válvulas e a pressão é feita com os lábios em bocais. Cabem neste grupo: trompetes, trompas e trombones.


A evolução da orquestra segue uma linha do tempo bem fixa. Inicia-se lá no século XVII, com grupos de instrumentistas que se reuniam para fazer música utilizando o que tinham a disposição. A partir daí o naipe das cordas começa a se estruturar e manifesta-se o interesse da burguesia em ter um grupo para suas apresentações particulares, ou seja, o financiamento da orquestra começa a surgir nesse século.

Os instrumentistas eram violistas, violinistas, violoncelistas e contrabaixistas, que se reuniam ao contínuo (cravo) e o grupo frequentemente recebia a adição de flautistas, oboístas e trompetistas, mas o fixo da recém-orquestra eram as cordas.

Do século XVIII ao início do XIX constatamos a formação da Orquestra Clássica, onde temos a criação do naipe das madeiras - Oboés, flautas, fagote e o recém-nascido clarinete -, que agrupados aos pares davam vida a essa formação. O contínuo caiu em desuso e as trompas foram atribuídas para a ligação da textura. Tímpanos e trompetes quase sempre presentes. Essa formação permaneceu como padrão durante algum tempo e foi a escolhida para as últimas obras de Haydn (1732 – 1809), toda a obra orquestral de Mozart (1756 – 1791) e as primeiras de Beethoven (1770-1872) e Schubert (1797 – 1828).

Na metade do século XIX, a orquestra começa a ampliar-se, com novos instrumentos e integrantes, tornando-se maior. Nesta época surge o corne-inglês, trombone, contra-fagote e flautim, o que dava mais cor e brilho às composições.

Orquestra Sinfônica de Heliópolis
Além disso, a invenção do sistema de válvulas para a família dos metais favoreceu a flexibilidade dos instrumentos quanto as tonalidades, ganhando força e mais apreço dos compositores. Com a ampliação das madeiras, as cordas tiveram que se expandir em número de integrantes, a percussão foi ganhando volume (quantitativo) e sonoridades bem peculiares tornaram-se parte da orquestra.

O século XX é marcado pela ampliação da percussão orquestral. Diversos instrumentistas são necessários nesse naipe e sonoridades únicas são extraídas. Neste período, as salas de concerto ampliaram-se, devido ao aumento de público, e por conta disso a orquestra teve a necessidade de expandir-se para manter sua sonoridade diante dos espectadores.

Paralelo a isso, dá-se a criação das Bandas, formadas basicamente de instrumentos de sopro, que até hoje são utilizadas no segmento musical. Por exemplo, as Fanfarras são formadas por instrumentos de metal e percussão; as bandas Militares são compostas por metais, madeiras e percussão. Ambas possuem um vasto repertório próprio e incríveis possibilidades sonoras.

Já as Bandas de Jazz, que no início eram formadas por 8 instrumentos (Corneta, trombone, clarinete, saxofone, piano, banjo, contrabaixo e tambores), se ampliaram, passando a conter 15 instrumentos ou mais, recebendo o nome de Big Bands, enquanto as que permaneciam com 8 foram denominadas Combos. 

O repertório orquestral é executado até hoje pelas inúmeras orquestras que existem no mundo. Destaque para as brasileiras OSB (Orquestra Sinfônica Brasileira) e OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), que executam repertório de primeira e representam o país no exterior. Obras de Beethoven, Mozart, Vivaldi, Haydn, Schubert, Wagner, entre outros, fazem parte do repertório dessas orquestras, que ainda assim sofrem com a desvalorização artística recorrente no país e com a pouca visibilidade, além de dependerem de patrocínios escassos.  

Assim, caímos mais uma vez na falta de divulgação que às vezes nos faz refém na escolha de nossos programas culturais. Prestigie a orquestra de sua cidade, pesquise bandas e fanfarras locais e na medida do possível, vá a apresentações, para que possamos manter viva a diversidade musical e cultural. Além do que, presenciar um concerto, ópera ou sinfonia apresentada por uma orquestra é uma experiência única na vida. Única e histórica!


Nos vemos na próxima!

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