Olá caros amigos leitores. Músicos ou não músicos. Maestros,
instrumentistas ou ambos. Hoje trago pra vocês um relato das
experiências que vivi em Tatuí, participando do IV seminário de
regência no Conservatório da cidade. Além de informar a quem queira
participar de um seminário pela primeira vez e tem curiosidade, o propósito deste vídeo é incentivá-los a participar de seminários e tirarem o maior proveito desta experiência de imersão.
Coordenado pelo professor e maestro Dario Sotelo, com participação do
maestro americano Matthew George e da incrível Banda Sinfônica do Conservatório de Tatuí, o seminário funciona como uma grande
fonte de trocas entre os participantes. Estes são separados entre
regentes ativos e participantes. Para ser um regente ativo, e atuar nos
concertos, foi necessário o envio de um vídeo e ser aprovado numa
seleção feita pela direção. Os participantes bastavam se inscrever e
acompanhar.
Eu (Lennon Strabelli) e o maestro Matthew George
O evento teve a duração de 4 dias corridos - 22/08/2016 a
25/08/2016 - e os dias seguiam com um esquema parecido: pela manhã,
participamos nos ensaios abertos. Os regentes ensaiavam com a Banda e
os professores davam os refinamentos necessários. Experiência única para
nós pois parecia como uma masterclass de regência. Muita informação
foi retirada desta prática. A incrível dedicação da banda e dos
maestros fizeram a diferença nesta etapa matutina do evento.
A tarde
era o momento das palestras. Neste período, foram tratados diversos assuntos, unidos pelo fio da regência de banda sinfônica, que um profissional deve
lidar. Temas como: "comunicação gestual"; "trabalhando com o ritmo" e
"trabalho de preparação de partitura" servem de exemplos para esses
momentos de aprendizado. Ao fim da tarde, tivemos uma hora aplicada a
criação de um documento, como uma pesquisa detalhada, sobre o nosso
trabalho como regentes de bandas sinfônicas em nosso município. A ideia
desses encontros era favorecer a troca de experiências e ajudar ao
Dario em sua nova empreitada como presidente da WASBE (World Association for Symfonic Band and Ensembles) na qual já
foi eleito e assumirá o cargo em 2017, sendo o primeiro
presidente sul-americano da organização. Ressalto aqui a importância dos músicos ficarem atentos a tudo o que nos traga benefícios no campo da arte, e com Dario na presidência de uma organização importantíssima como esta, temos chances de elevar o nosso nível, tanto de sensibilidade, como o de condições de trabalho. Deixo aqui o site para maiores informações e a possibilidade de se tornar um sócio da WASBE.
Então a noite era o momento da
realização. Os concertos abertos ao público com os regentes a frente
da Banda e executando o repertório. 30 minutos antes, Dario dava a voz
aos maestros contarem um pouco a história de suas obras, para
posicionar o público e praticarem esse tipo de fala. O repertório realizado nestes dias, caso alguém queira pesquisar foi o seguinte:
Boris Pigovat (1956) - Lights from the Yellow Star: Music of Sorrow and Love Martin Ellerby - Cinnamon Concerto for Saxophone David Gillingham - Apocalyptic Dreams - Sinfonia Nº1 C. Wittrock - Abertura "Lord Tullamore" e Spanish Dance for English Horn and Band J. Curnow - Canticle of the Creatures R. Korsakov - Concertino para Trombone e Banda H. Nogueira - Cinco Miniaturas Brasileiras Thomas Doss - Magic Overture Yusuke Fukuda - Symphonic Dances Robert Jager - Variations on a Theme of Robert Schumann Luis Soto Márques - Jaibamá Philip Sparke - A Pittsburg Overture Jess Turner - Concertino Caboclo para Flauta, Piccolo e Banda Alfred Reed - Música para Hamlet Paul Hart - Cartoon Gordon Jacob - Celebration Overture Vaughan Williams - Concerto for Tuba Franck Ticheli - Postcard Jose I. Blesa - Mare Tenebrosum
Assim se
seguiram os 4 dias. Éramos em mais de 200 pessoas. Tudo aconteceu no
Teatro Procópio Ferreira e muito bem liderado e organizado por Dario,
que sempre exigia precisão nos horários, afinal nós como regentes temos
que espelhar isso em nossos grupos se quisermos obter resultados e um
bom uso do tempo disponível.
A cidade é extremamente acolhedora. Quem anda com a credencial do conservatório tem desconto em restaurantes e é bem visto pelos moradores.
Tatuí tem pouco mais de 100 mil habitantes e recebe pessoas do Brasil inteiro para o seu
Conservatório e as atividades artísticas lá contidas. Fica a
aproximadamente 160km de São Paulo e não tive problemas com estadia e
alimentação. A cidade tem de tudo e com bastante opções.
Sempre me encontrei numa esfera mais orquestral e coral da música e essa foi uma experiência de somatória incrível. O universo lá é o de banda sinfônica. Muitas vozes, uma grade repleta de instrumentos, muita transposição, muitas cores (timbres) diferentes, uma percussão enorme e um maestro que se propõe a reger tudo aquilo.
Matthew em um dos ensaios abertos, demonstrando algo para os regentes
Pretendo voltar, pois tivemos a ótima notícia de que o próximo seminário está marcado para Junho/2017. Convido todos vocês a conhecerem o site do conservatório e a lerem a matéria oficial sobre o seminário. Participem desses encontros e ampliem o campo de visão/atuação de regentes. Coloquem em prática as trocas vistas aqui e passem adiante as informações para que possamos sempre evoluir o campo da regência. Meu muito obrigado ao Dario, ao Matthew George, à Banda Sinfônica do Conservatório e À Banda da EMMSP, regida por Dario e que nos acompanhou em dois dias da nossa jornada. Até o próximo!
Final de concerto, os regentes alinhados a frente da Banda Sinfônica do Conservatório de Tatuí.
Ano: 2003
Gravadora: Indie Records
Produção: Rick Bonadio
Produção executiva: Beto Coutinho
Assistente de produção: Thiago Endrigo
Direção artística: Líber Gadelha
Coordenação artística: Zé Henrique e Marcelão
O post de hoje
vem, especialmente, para apresentar e comentar uma obra-prima da banda LS Jack, que deu muitas cores ao meu
início como músico, que é o álbum Tudo
Outra Vez (2003). Realizado pela gravadora Indie Records, produzido por Rock Bonadio e dirigido por Liber
Gadelha, o disco traz 13 canções interpretadas por Vitor Queiroz ao baixo;
Bicudo na bateria; Sérgio Ferreira e Sérgio Morel nas guitarras; além de Marcus
Menna nos vocais. Este último, como principal letrista, tenta absorver da
natureza, elementos composicionais que façam ligação com o cotidiano.
A proposta da
banda é fazer um poprock, mas para que não se torne austero,
Menna conduz essa ligação com sensibilidade e simplicidade, transformando as
canções em algo leve, alegre e trazendo fundamento para as letras. O vocalista
mesmo diz, ao ser entrevistado pelo site Universo
Musical, que “a música não é só filosofia, também é entretenimento, e o LS
Jack tem esse lado. Muitas pessoas querem analisar as letras das músicas como
uma obra literária. Se fosse assim, Carlos Drummond de Andrade teria sido o
maior vendedor de discos do Brasil”.
Portanto, não farei
aqui uma análise filosófica das letras do disco, mas vou tentar demonstrar pontos
interessantes que relacionam a espiritualidade do compositor – que faz parte do
movimento Hare Krishna – à excelente, invejável e estudada técnica de prosódia,
que é infalível neste disco e toda a instrumentação. O que faz jus ao gênero canção, onde letra e música
(instrumentos e melodia) se complementam.
A
banda faz parte do estilo pop rock dos anos 2000 e com formação clássica de boyband,
mas que traz muita fundamentação para o gênero “canção”. Mesmo que tenha
estourado graças aos sucessos como “Carla” ou “A Carta”, isso não a diminui a
nível de “passageira”, pois, acredito eu, ainda estão para nascer formações que
juntem instrumentação adequada a letristas que carreguem tanta sensibilidade e
força de vontade, tal como o líder do LS Jack carrega.
Bom,
vamos às faixas! Para quem não conhece, bem-vindo a um mundo de verdadeiras
canções classificadas pelo gênero e para quem conhece, é sempre bom voltar e
“ouvir com outros olhos”.
Faixas
1 – Sem Radar
Marcus Menna
2 – Espírito Meu
Marcus Menna e Vitor Queiroz
3 – Nossas Flores
Marcus Menna e Vitor Queiroz
4 – Outra Vez
Marcus Menna, Vitor Queiroz, Sérgio Morel, Zé Henrique e
Marcelão
5 – Amanhã Não Se Sabe
Sérgio Brito
6 –
Aquele Olhar (Over My Shoulder)
Mike Rutherford e Paul Carrack / Versão: Rick Bonadio e
Marcus Menna
7 – Mais Que Demais
Marcus Menna, Sérgio Morel, Bicudo e Vitor Queiroz
8 – Sob O Céu
Marcus Menna, Bicudo, Sérgio Ferreira e Alexandre Lalas
9 – Tarde Demais
Marcus Menna e Sérgio Morel
10 – Alucinação
Marcus Menna
11 – Você Me Faz Tão Bem
Marcus Menna
12 – Se For, Será
Marcus Menna, Vitor Queiroz, Sérgio Ferreira e Sérgio
Morel
13 – Sem Radar (Versão Acústica)
Marcus Menna
11 – “Sem Radar” – Marcus Menna
Abrindo com excelência este disco, a
canção traz uma amostra de todo conteúdo que será desenvolvido nas letras e no
instrumental da banda daqui em diante. Felicidade, espiritualidade, sonhos e
amor, além da novidade de tratar do “desamor”. A canção ficou conhecida, fez
sucesso e virou hit. Foi regravada por diversos artistas e o próprio disco
ganha ao final, uma regravação acústica.
É importante destacar o peso das guitarras e a técnica apurada de Menna
nos vocais e na composição. Versos como “Morcego sem radar, voando a procurar, quem
sabe um indício teu” e “você me
entorpeceu e desapareceu” mostram um
caráter de desamor, que será explorado no disco e que marcaram época para a
música pop. Aqui não se fala de
baladas, de festas e de ostentação, mas sim de horizontes amorosos, conexões do
simples e do natural com o humano e tudo isso traduzido com facilidade para a
linguagem da canção, que é a junção da letra com os instrumentos, cada qual
tendo o seu papel.
É só me recompor
Mas eu não sei quem sou
Falta um pedaço teu
Preciso me achar
Mas em qualquer lugar estou
Voando sem direção eu vou
Eu sigo sem radar
Voando a procurar
Quem sabe um indício teu
Queimando toda fé
Seja o que Deus quiser eu sei
Que amargo é o mundo sem você
Você me entorpeceu
E desapareceu
Vou ficando sem ar
O mundo me esqueceu
O sol escureceu
Vou ficando sem ar
Esperando você voltar
Escrevendo minha própria lei
Desesperadamente eu sei
Tentando aliviar
Tentando não chorar
Por mais que eu tente esquecer
Memórias vêm me enlouquecer
Minha sentença é você
22 - “Espírito meu” - Marcus Menna e Vitor Queiroz
Lindíssima canção! Retrato de uma experiência sobrenatural a nível de
consciência. O interlocutor se refere a um sonho, onde diz: “tão real que até
senti a tua boca a me ferir, mas te perdoei”,
ou seja, a realidade e o desejo por esse sonho era tanta, que ele sentiu a dor
de ser ferido na boca e até perdoou a outra pessoa!
“Espírito meu beijou o seu”,
esse verso reflete a crença sobre o espírito, na qual as experiências vividas
em um sonho, na verdade são vivências pelo espírito, e, dadas as proporções que
a letra nos oferece, podemos crer que o outro espírito também queria estar ali.
Por isso, no refrão ele diz: “então vem, pra gente ser feliz”, sendo esse o
momento de realidade da música, de consciência.
A instrumentação segue à risca de um rock pesado, com guitarras
distorcidas – cheias de Phaser para
dar essa sensação alucinógena – e uma bateria e baixos cheios de pegada! Uma
das mais incríveis canções deste disco, na minha opinião.
No Festival de Verão de 2004, lá
em Salvador, Marcus Menna canta a segunda estrofe de versos diferente do que
fora gravado no disco. A versão original seria:
Eternamente eu vou lembrar
Não adianta nem tentar
Disfarçar
Eu sei que era você
E ele canta:
Em qualquer plano o seu astral
Incrivelmente especial
Espacial
Flutuo por você
Detalhe
para o aprofundamento astrológico retratado nesta “2ª versão” e que nos revela
esse lado do cantor. Um lado místico, espiritual e transcendente ao humano.
Ontem não quis acordar
Fiz de tudo prá voltar
A sonhar
Eu sei que era você
Tão real que até senti
A sua bôca me ferir
Mas te perdoei...
Espírito meu beijou, o seu
Espírito meu amou, o seu
Então vem
Prá gente ser feliz
Vai deixando a solidão sair
Encontrei o tempo que perdi
Porque sem você aqui
O meu mundo não sorri
Prá mim...
Eternamente eu vou lembrar
Não adianta nem tentar
Disfarçar
Eu sei que era você
Que seja assim até o fim
Nessa vida de ilusão
Um sonho bom
Eu sei que te encontrei...
Espírito meu beijou, o seu
Espírito meu amou, o seu
Então vem
Prá gente ser feliz
Vai deixando a solidão sair
Encontrei o tempo que perdi
Porque sem você aqui
O meu mundo não sorri
Prá mim, prá mim...
Espírito meu beijou, o seu
Espírito meu amou, o seu
Então vem
Prá gente ser feliz
Vai deixando a solidão sair
Encontrei o tempo que perdi
Porque sem você aqui
O meu mundo não sorri
Porque sem você aqui
O meu mundo não sorri
Prá mim...
33 - “Nossas Flores” - Marcus Menna e Vitor Queiroz
Canção bem romântica. Explora uma série de sentimentos e tem um refrão
que fixa na cabeça. O principal ponto aqui é a paixão. A personagem usa das
flores como metáfora ao sentimento e carinhos recebidos um dia e que a
transformaram. Agora, com os personagens apaixonados, a letra questiona dizendo
que a condição para isso é: “te ver cada vez que a Lua aparecer”, ou seja, uma
certeza que temos na vida.
Concordam que é um paradoxo se fizermos planos para daqui semanas ou
anos, se não crermos que o Sol nascerá amanhã de novo? Como podemos não
acreditar que é certo a Lua voltar amanhã, ou o Sol, se estamos a todo momento
deixando as coisas para depois? Ok, desculpe Menna, chega de filosofia e vamos
curtir a canção!
As flores que você mandou Eu guardei, eu plantei sim Aonde agora existe amor Nesse coração
Eu sei que as rosas vão crescer Com você, vão querer sim Mas só se você entender A minha condição
Te ver cada vez que a lua aparecer A única condição Te ver cada vez que o dia amanhecer E assim nossas flores vão viver
Tão logo quando o dia for Noite vem, preta sem fim Acende a minha estrela amor Nessa escuridão
O sono você me levou Mas fiquei, muito bem sim Sonhando acordado eu vou Na sua direção
Essa canção mexe comigo pelo fato da coincidência com a história de
vida de Menna. Parece que ela foi composta depois do acidente e não antes. Faça
o teste e a escute imaginando que ele escreveu após 2004 e sinta-se espantado
tal como eu. Sim, é uma canção de 2003!
A primeira estrofe deixa clara uma decepção vivida pelo interlocutor,
seja ela de origem amorosa, familiar ou qualquer que seja, que será o motivo do
desenrolar do restante da letra. “Ensaiando
o meu sorriso no espelho na esperança dele nunca me deixar” é um verso que dispensa comentários sobre a sensibilidade de
Menna. Realço aqui, a incrível habilidade de letrista, dizendo que a prosódia
perfeita do seu disco é invejável!
A instrumentação segue pesada, com um riff de guitarra repetitivo, talvez sugestivo, ao título da canção,
que imita a melodia da voz que entrará a seguir. Além disso, temos um arranjo
de strings na metade da canção, que
mostra uma preocupação em arranjá-la com capricho.
Quem traiu mais uma vez os meus segredos
Quem me ajoelhou foi quem me fez chorar
Fez da minha alma o seu novo brinquedo Atirando do milésimo andar
Mas seu eu pudesse ter de novo os meus sonhos Eu saberia onde posso encontrar A felicidade desse tamanho Pra recomeçar outra vez Tudo outra vez
Ensaiando o meu sorriso no espelho Na esperança dele nunca me deixar Procurei intensamente outros desejos Anestesiando só para aliviar
Quantas vezes a escuridão da solidão doeu Acompanhada pela angústia que Nunca me esqueceu não.
5 – “Amanhã
não se sabe” – Sérgio Brito
Canção tema de Letícia e Gustavo em Malhação (2004) da Rede Globo. Composição
de Sérgio Brito, ganhou uma releitura em que prevalece o violão. “Nós não
conhecíamos a música, foi uma escolha do Rick. A letra tem uma infantilidade,
no bom sentido, que a gente achou interessante, bem a nossa cara. Fizemos uma
versão totalmente diferente, que se encaixa perfeitamente no disco”, acredita Menna,
em entrevista ao site Universo Musical.
A canção faz parte do repertório dos Titãs e conta com uma letra em que
tudo se parece com a escrita de Menna. “Mal
começou e eu já estou com saudade” e “Como as ondas com a maré, até onde não
vai dar mais pé. Este instante tal qual é, vivo aqui e seja o que Deus quiser” retratam o português afiado de Marcus
e a sensibilidade em conectar a natureza e os sentimentos humanos, sem parecer frágil
ou sem sentido.
A instrumentação conta com um violino solista ao meio da canção, dando
um teor de country music. O
instrumento segue pela canção e o capricho com a instrumentação também, com o
piano, bateria, guitarras, ukulelê em perfeita conexão.
Como as folhas, como o vento Até onde vai dar o firmamento Toda hora enquanto é tempo Vivo aqui neste momento
Hoje aqui, amanhã não se sabe Vivo agora antes que o dia acabe Neste instante, nunca é tarde Mal começou e eu já estou com saudade
Me abraça, me aceita Me aceita assim meu amor Me abraça, me beija Me aceita assim como eu sou Me deixa ser o que for
Como as ondas com a maré Até onde não vai dar mais pé Este instante tal qual é Vivo aqui e seja o que Deus quiser
Hoje aqui não importa pra onde vamos Vivo agora, não tenho outros planos É tão fácil viver sonhando Enquanto isso a vida vai passando
Me abraça, aceita Me aceita assim meu amor Me abraça, me beija Me aceita assim como eu sou Me deixa ser o que for Me abraça, me aceita Me aceita assim meu amor Me abraça, me beija Me aceita assim como eu sou Me deixa ser o que for
66 – “Aquele Olhar” - Paul Carrack e Mike
Rutherford (versão: Marcus Menna e Rick Bonadio)
Outra regravação aparece ao meio do disco. Desta vez, a escolhida foi
“Over My Shoulder” do grupo Mike and The Mechanics. Segundo o vocalista,
escolha que sempre foi uma unanimidade na banda.
Menna é fã de Mike Rutherford, um dos autores da música e
ex-guitarrista do Genesi, e acredita que a música reflete o alto-astral que o
LS Jack procura transmitir em suas canções. Os trechos “O brilho dessa vida foi te encontrar” e “O passado já virou história e amanhã ninguém pode saber, mas o
presente é todo seu agora por isso eu o embrulhei só pra você” são os versos
mais lindos da música, na minha opinião.
Se eu fechar de novo os meus olhos Ainda vejo aquele olhar Eu posso sentir no fundo do peito, O brilho dessa vida foi te encontrar Se eu fechar de novo os meus olhos Outra vez volto a sangrar O meu coração não pulsa sozinho, nunca nessa vida vou te deixar O passado já virou história e amanhã ninguém pode saber Mas o presente é todo seu agora Por isso eu o embrulhei só pra você
Se eu fechar de novo os meus olhos Ainda vejo aquele olhar Eu posso sentir no fundo do peito, O brilho dessa vida foi te encontrar
Eu procurei a luz do seu caminho E o meu destino soube-te achar Esse feitiço dispara o meu sorriso E nunca mais consigo disfarçar
O passado já virou história e amanhã ninguém pode saber Mas o presente é todo seu agora Por isso eu o embrulhei só pra você Se eu fechar de novo os meus olhos Ainda vejo aquele olhar Eu posso sentir no fundo do peito, O brilho dessa vida foi te encontrar
Se eu fechar de novo os meus olhos Ainda vejo aquele olhar Eu posso sentir no fundo do peito, O brilho dessa vida foi te encontrar
77 - “Mais que Demais” - Marcus Menna/ Vitor
Queiroz /Sérgio Morel / Bicudo
Sabe aquele priminho pequenino da família? Ou aquele animalzinho de
estimação que dá vontade de apertar? Essa é a sensação ao escutar essa canção!
“Mais que Demais” é cativante e excepcional ao mesmo tempo. É a faixa mais
curta do disco e muito rica em conteúdo. Com poucas palavras, o interlocutor
induz a alegria de estar com a outra pessoa e essa felicidade é retratada nos
versos: “Olha só o que eu encontrei: um casulo no meu jardim do mesmo jeito que
eu desenhei, tão perfeito para mim”.
Sem dúvidas, a instrumentação desta canção é um caso à parte. A bateria
pegadíssima de Bicudo unida às guitarras, ao solo de sintetizador e ao arranjo
vocal desta obra, faz com que essa canção entre no seu repeat fácil, fácil!
Mais que demais coloridoSe for vocêMais que demais divertidoSe é com você (só se for você)Olha só o que eu encontreiUm casulo no meu jardimDo mesmo jeito que eu desenheiTão perfeito para mimOs meus sentidos na suas mãosDesnorteando assimFoi como chuva no meu sertãoLinda lua de marfimDe repente na sombra surgiuDe repente o teto caiuParece até de papel.
88 - “Sob o Céu” – Marcus Menna/Bicudo/Sergio Ferreira/Alexandre
Lalas
Pop rock que fala sobre desamor. Canção com teor sensível, clareza da
situação e, claro, prosódia incrível! A trama se passa por um rompimento de uma
relação, na qual o interlocutor ainda sente amor e agora, também a dor da
separação.
Assim, ele tenta se auto convencer de que não tem saída nem lugar para
esquecer esse amor, pois a todo momento estamos “sob o céu e sobre o mar” - detalhe
para o português bem ortografado aqui e que vem cada vez mais sendo reduzido
pelos artistas contemporâneos - e este é
o único lugar para se esquecer e viver ao mesmo tempo. “Se era bom tudo em mim,
não foi consumido, mas você diz que é preciso e só me resta aceitar”, passagem esta
que destaca a inconformidade com o fato.
E seguimos nos espantando (no melhor sentido da palavra!) com a
sensibilidade das letras e a capacidade de nos tocar com tanta simplicidade!
É difícil saber quando começar E imprecisa a hora de tudo acabar Muito mais ainda Se todo o amor não se esgotou Não foi consumido Mas você diz que é preciso E só me resta aceitar
É sob o céu E sobre o mar O lugar onde eu vou tentar Te esquecer de vez
Não é fácil esconder tão bem a dor Como é que eu faço pra não mais olhar para trás Muito mais ainda Se era bom tudo em mim Não foi consumido Mas você diz que é preciso E só me resta aceitar
Queria ter poder pra transformar Toda essa dor em quase nada
99 - “Tarde
Demais” – Marcus Menna/Sérgio Morel
E depois de uma dose de alegria com “Mais que Demais”, chegamos em um
momento de desamores do disco. Esta canção é mais uma das que abordam,
musicalmente, o assunto da dor após o fim. “Sob o céu” já trazia uma
característica de convencimento do fim, mas em “Tarde Demais” temos o
interlocutor convencendo a outra parte que é melhor assim.
O trecho “E antes que aumente
a dor, esqueça tudo o que passou” nos
esclarece o diálogo dito anteriormente. Além disso, a instrumentação (mais
suave e com guitarras limpas) nos traz essa sensação de tristeza e tentativa de
se firmar para não, enfim, desabar.
Ao final, temos um riff de
guitarras que traz o refrão final e remete à sensação de raiva por amor. Talvez,
uma das músicas mais tristes do disco.
Tarde demais A cidade adormeceu Tarde demais o silêncio nos venceu E se calou só para ouvir a tristeza chorar Mais uma vez 3:30 da manhã
Fácil demais esse vírus infectou Partes vitais no meu corpo congelou E arrancou com duas mãos toda a vida em mim Tarde demais nossa história chega ao fim.
E antes que aumente a dor
Esqueça tudo o que passou Pra nunca mais
Tarde demais esse tiro atravessou Tarde demais o meu peito acertou E dividiu o coração me tirando a paz Perto do cais engolindo a própria voz
E antes que aumente a dor Esqueça tudo o que passou Pra nunca mais O tempo vai reconstruir Os pedaços que perdi Pra nunca mais
Tarde demais pra se arrepender! Tarde demais não sei quem é você! Tarde demais pra se arrepender! Tarde demais não sei quem é você!
110 – "Alucinação" – Marcus Menna
Esta canção segue a linha proposta pelo disco, que se iniciou de forma
amorosa, passou por alegrias, desamores e agora, retrata diretamente as dores e
sobre todas as alucinações causadas por ela.
A melodia de poucas notas do verso, indica algo que fica batendo na sua
cabeça, como um pensamento que não se esvai. A dor chantageia a personagem e
ela se encontra numa situação como acordar cedo e ver um outdoor da sua dor,
dizendo que te pega um dia.
A pegada da banda é incrível nesta canção: as guitarras distorcidas, a
linha de baixo bem destacada, as dobras vocais e a letra com as terminações "ento" e
“ente” trazem esse ar alucinógeno mesmo.
O disco,
então, já se encaminha para a parte final...
Nesse esquecimento Um pressentimento Rola aqui por dentro Sempre me dizendo Que a saída acabou de sair Não te esqueceu e só falava assim Ser humano é ser afim Agora quem vai olhar por mim
Quando a minha dor Me acordar bem cedo Dizendo em outdoor Um dia eu te pego Cê pode até correr Eu já estou dentro de você
Vejo claramente Nebulosamente Paranoicamente Mente a sua mente No que você sente Paralelamente Tão de repente que parece ser Ser humano é ser afim Agora quem vai olhar por mim
Preciso precisar Preciso ser preciso Preciso relaxar Preciso do meu vício Preciso encontrar O fim do precipício, eu sei
11- “Você Me
Faz Tão Bem” - Marcus Menna
Tem espaço para um reggae aí? Claro que sim!
Além desta, novidade temos também a presença do baixista Arthur Maia,
que participou da gravação da música.
O convite partiu do, também baixista, Vitor Queiroz, fã assumido do
músico da banda de Gilberto Gil. “Estávamos assistindo a um DVD do Gil, e o
convite surgiu a partir daí. O Arthur Maia domina o reggae. Ele é meu ídolo,
uma referência pra mim”, derreteu-se Vitor ao contar em entrevista ao site Universo Musical.
O disco retorna com a mensagem do amor, da idealização deste sentimento
e da personagem amada. E temos aqui, algumas afirmações de que não dá para ficar
sem ela, o que pode ir em desencontro às tentativas de se conformar que vieram
nas canções anteriores.
Versos como: “Não quero mais
ficar sem esse seu cheiro de flor” e “Aqui
vou ficar, não vou arredar, meus pés vão grudar se você passar”, nos esclarecem
a decisão de lutar pelo amor e que ficar sem tê-lo pode não ser o melhor
caminho.
Chamo a atenção para a linha do baixo, que como afirmou Vitor,
realmente é de grande categoria!
Aqui vou ficar Não vou arredar Meus pés vão grudar Se você passar No jogo de azar A sorte te espera E logo me jogo Disposto a ganhar E ninguém pode te ajudar
Eu sei que você me faz tão bem Não quero mais ficar sem Esse seu cheiro de flor Que você tem
Aperta de um jeito Seu shape perfeito Acende direito Um lampejo em mim Transbordando assim Desejos sem fim Eu não vou lutar Jah já vai nos levar Pro nosso amor abençoar.
112– “Se For Será” - Marcus Menna/ Vitor Queiroz
/Sérgio Morel / Sérgio Ferreira
Parece uma anunciação do trabalho que estaria por vir: O Jardim de Cores (2004).
É difícil descrever esta canção dentro do contexto das anteriores, já
que transparece, musicalmente, com um pop rock, sem grandes novidades, mas com
uma letra que não cita o amor, não cita a dor, apenas anuncia o que será
tratado no próximo disco: essa questão espiritual e astrológica.
“Lá longe se esconde um mundo distante de nós, espero a ponte, até o
horizonte vou voar”. Esse verso deixa claro a intenção de Menna em retratar
relações cósmicas e energéticas dos seres humanos com todo o resto. A canção é
ótima e serve de carro chefe para os próximos trabalhos da banda. Ah se o tempo me prometer Que nunca vai acabar Ah eu juro nao esquecer O quanto a vida pode me dar Procurando um som pra me conectar Uma sensação enigmática Nessa onda eu vou ate o sol raiar Seja como for, se for pra ser, será La longe se esconde Um mundo distante de nos Espero a ponte Ate o horizonte vou voar.
1 13 - "Sem Radar”[Acústica] – Marcus Menna
Essa regravação acústica acrescenta
uma introdução de dedilhados ao violão e um arranjo de “Strings” ao corpo da música.
As partes são as mesmas. Talvez, o
fato de regravá-la, a banda tenha um objetivo de promover esta linda canção,
que já tinha feito sucesso como single,
antes do lançamento do disco, terminando aqui um álbum completo e marcante para
mim, e para uma geração que com certeza, pode ter se recordado destas belas
composições.
A história de vida de Marcus Menna é
vista e revista dentre os principais veículos jornalísticos vespertinos da rede
brasileira de televisão. Ok, se fui confuso, eu quis dizer que histórias como a
dele, são alvos destes programas sensacionalistas que se mordem por audiência
nas tardes.
Vale relembrar aqui que Marcos Menna,
vocalista e compositor do LS Jack, passou por complicações em uma cirurgia de
lipoaspiração, no ano de 2004, que o deixou por alguns minutos sem oxigênio e
em coma induzido por quase 3 meses.
Mas sua persistência permitiu o retorno
à banda, à música e, pouco a pouco, aos holofotes da imprensa. Mesmo com
sequelas, o músico está envolvido em projetos e na divulgação de seu trabalho até
mesmo pelas redes sociais, onde eu, particularmente, o acompanho.
A sua incrível força de vontade é
repercutida em toda internet e Menna é visto como um ícone de alguém que passa
por uma dificuldade, aprende a lidar com ela e dá a volta por cima!
Toda sua força e carreira não podem ser
retratadas apenas numa simples postagem, mas que espero que todo este texto
seja para acrescentar a você, caro leitor, a importância que o vocalista – junto
à banda - e grande músico contribuiu e
contribui até hoje para nossa cultura e riqueza musical.E encerro aqui a descrição à história de Menna, que é inspiradora,
talvez triste, mas cheia de chama motivacional para qualquer ser humano!
Meu muito obrigado por me inspirar,
Marcos Menna e LS Jack!